quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Dois filmes, dois caminhos...

[Daniel Lüdtke]

Benjamin Carson e Charles Darwin. Duas histórias similares. Dois amantes da vida. Homens que se debruçaram para estudar o livro da existência; homens de potencial. Duas biografias nas quais mulheres de fé coadjuvaram com intensidade. Caminhos, todavia, totalmente opostos.

No filme, “Gifted Hands”(2009), protagonizado Cuba Gooding Jr., contata-se a história real de Benjamin Carson, maior neurocirurgião pediátrico da atualidade, mundialmente famoso pela primeira separação de gêmeos siameses unidos pelo crânio. Ele é diretor do Centro de Neurologia Pediátrica do Hospital Universitário Johns Hopkins, em Baltimore, EUA, desde os 33 anos de idade e autor de Best Sellers como “Ben Carson”, “Sonhe Alto” e “A Grande Visão”. Foi honrado em 2008 pelo presidente George Bush com a Medalha Presidencial da Liberdade. Esse é o maior reconhecimento civil concedido pelo governo americano e foi conferido ao Dr. Carson “por suas habilidades como cirurgião, seus elevados padrões morais e sua dedicação em ajudar outros”, segundo palavras de Bush.

Carson, cristão convicto e membro da Igreja Adventista do Sétimo Dia, não esconde sua crença em Deus e em sua intervenção no mundo real, nítidas nas cenas do filme. Trechos mostram o pequeno Ben frequentando a igreja, outros como adolescente orando apegado à Bíblia e suplicando a Deus para ter o temperamento transformado, até o adulto Benjamin Carson orando ao lado da cama suplicando a Deus sabedoria para cirurgia inédita no dia seguinte. A fascinação de Ben Carson pela complexidade do cérebro humano é clara tanto no filme “Gifted Hands” como em suas obras. Veja o diálogo da cena onde Ben, em 1976, é avaliado para disputar uma das duas vagas entre os 150 candidatos para residência de neurocirurgia no Hospital de Johns Hopkins:

AVALIADOR – Mas, me diga uma coisa. Por que você decidiu se tornar um médico do cérebro?

BEN CARSON – O cérebro... é um milagre. Acredita em milagres? Não são muitos médicos que creem. Não há muita fé entre os médicos. Quero dizer, estudamos relatórios, cortamos corpos abertos, tudo muito tangível, sólido. Mas, o fato é que há ainda muitas coisas que não podemos explicar... Acredito que todos fomos abençoados com incríveis dons e habilidades. Veja Handel. Quero dizer, como ele pode compor algo como "O Messias" em apenas três semanas? Este é o canal, a fonte, a inspiração para feitos inacreditáveis.

(Veja o filme aqui: http://iasdjovem.com.br/filmes/ben-carson-gifted-hands/?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed:+iasdjovem+(Iasd+Jovem)

Em contraste, outra história. Está previsto para estrear este mês nos Estados Unidos o filme “Creation”, que conta a história de Charles Darwin (1809-1882) e enfatiza seu conflito interno entre a fé e suas descobertas científicas. No drama, essa luta interior é acalorada por sua esposa, mulher religiosa que teme as implicações de suas descobertas.

(Veja o trailer aqui: http://www.youtube.com/watch?v=BREvUKpZTeU)

O fim, entretanto, já é sabido: Não há espaço para Deus no mundo da ciência; não há um mundo planejado; não há propósitos.

Ser um Ben Carson ou um Charles Darwin é a escolha mais importante que temos que fazer. Se você aceita sugestões, escolha o primeiro.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Natal Coca-Cola

[Daniel Lüdtke]
[Publicado na Revista Adventista - dez 09]


Materialismo. Hedonismo. Consumismo. Será que existem outros centros de atenção no Natal? Em geral, parece que não. Compras, enfeites, viagens, festas, comidas e roupas estão sob os holofotes de luzes coloridas. Mesmo sentimentos de união e fraternidade, divulgados tanto em cartões quanto em comerciais, tornam-se fórmulas vazias da felicidade como um fim em si mesma. Essa “fábrica da felicidade” não conta com a participação de Jesus Cristo. Esse Natal vive outro significado – vive o “lado Coca-Cola da vida”.

No mês de dezembro, tanto do ano passado quanto dos anos anteriores, a Coca-Cola lançou campanhas publicitárias com o seguinte conceito: “Viva o lado Coca-Cola do Natal”. A ideia de tornar a marca como sinônimo de felicidade não é nada inédita. Já em 1942, uma publicidade do refrigerante mostrava um pai montando uma árvore de Natal ao redor de sua família. Todos estão felizes. Motivo principal: o filho traz em suas mãos garrafas de Coca-Cola. O texto completa: “Momentos felizes em casa são mais brilhantes quando se acrescenta uma Coca-Cola gelada. É uma velha amiga da família, pronta para ajudar a qualquer hora”.

A Coca-Coca revolucionou o Natal. Além de trazer a alegria verdadeira a esta data (quanta pretensão!), universalizou a figura mais querida deste período do ano: o Papai Noel. A Coca-Cola foi a maior responsável pela popularização do bom velhinho em vermelho e branco (convenientemente das mesmas cores da marca) e com traços de um senhor bondoso. Antes disso, ele era comumente pintado em tons marrons ou verdes e tinha feições de duende.

As publicidades desse refrigerante também foram as responsáveis por criar o clima da chegada do Natal durante décadas. Quem não se lembra do comercial do comboio de caminhões da Coca-Cola, passando por uma autoestrada escura, chamado a atenção de pais e crianças, fazendo acender as luzes das casas por onde passava, ao som de uma canção quase mágica?

Não é à-toa que em 2009, pela décima vez consecutiva, a Coca-Cola é a marca mais valiosa do Planeta. Não se trata apenas de um refrigerante. Trata-se de um estilo de vida. Vida feliz. Feliz em si mesma.

Acontece que esse conceito mágico do Natal Coca-Cola é muito mais que mero sensacionalismo publicitário. É uma forma de substituir o verdadeiro motivo de celebração do Natal. O jornalista e humorista Art Buchwald satirizou essa realidade numa crônica de título irônico: “Deve-se permitir às igrejas, abrirem no dia do Natal?” Segundo o enredo, cidadãos protestavam contra igrejas que queriam dar um sentido religioso ao natal (que pecado!). O representante desses manifestantes argumenta: ”Bastante dinheiro, tempo e propaganda foram colocados na preparação do Natal, para deixarmos que uma pequena minoria estrague o evento usando este dia para ir à igreja. Não somos contra igrejas, mas somos terminantemente contra estas igrejas permanecerem abertas no dia dedicado ao nosso faturamento”.
Não permita que os convites à felicidade consumista e existencialista encantem você a tal ponto de achar que isso é alegria de verdade. Refletindo sobre o tempo que viveu longe de Deus, provando e fazendo tudo o que queria, Salomão escreveu: “Disse comigo: vamos! Eu te provarei com a alegria; goza, pois, a felicidade; mas também isso era vaidade. Do riso disse: é loucura; e da alegria: de que serve? (Ec. 2:1-2).

Durante este mês de dezembro, torne Jesus ainda mais especial em sua vida. Fale mais com ele. Pense mais nele. Leia mais sobre ele. Dedique mais tempo emse demorar nas maravilhosas narrativas dos evangelhos e se debruçar sobre livros como “O Desejado de Todas as Nações” e tantos outros dos quais Cristo é o personagem principal. Enquanto o mundo desvia dele o foco, lance o olhar ao único capaz de lhe dar vida feliz, vida eterna.

“Tu me mostras o caminho que leva à vida. A tua presença me enche de alegria e me traz felicidade para sempre” (Sl 16:11 - NTLH)

Viva o lado Jesus Cristo do Natal!

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Universitários evangélicos X Evolucionismo: Quem está em crise?

[Daniel Lüdtke]

Após o título “Pesquisa mostra dilemas de biólogos evangélicos”, o Estadão destacou logo abaixo: Cientista da UFF mostra que eles querem ser professores de Ciências, mas 70% desconfiam da Teoria da Evolução.

A reportagem publicada em 2 de novembro apresenta os evangélicos, pelo fato de acreditarem em Deus, como leigos, problemáticos e uma ameaça ao ensino científico no país. Veja a introdução da matéria:

Uma pesquisa da Universidade Federal Fluminense (UFF) mostra os conflitos
vividos por estudantes evangélicos que querem se tornar professores de ciências.
A maioria deles duvida da veracidade da teoria da evolução, de Charles Darwin, mas garante que não vai ensinar nas escolas que Deus criou o homem e o mundo.
O texto acima fala da “veracidade da teoria da evolução” e no parágrafo seguinte afirma categoricamente que a evolução “para a ciência é verdade absoluta”. Será que essa informação foi tendenciosa? É só olhar os fatos.

Se a informação fosse: “A evolução é a teoria mais aceita entre os cientistas”, não haveria problema. Mas quando alguém ousa escreve que algo é a verdade absoluta, ele realmente tem que ter certezas palpáveis, respostas cem por cento empíricas. Não se pode dizer isso quanto à teoria da evolução.

Veja abaixo, por exemplo, uma lista* de obras científicas publicadas por evolucionistas que veem a evolução como uma teoria em crise – longe de ser a verdade absoluta e unânime que propõe mídia tradicional.

1. Darwin’s Black Box: The Biochemical Challenge to Evolution [A caixa Preta de Dawrin: O Desafio da Bioquímica à Evolução] - Michael Behe.

Esse bioquímico da Universidade de Lehigh, que não é criacionista – certamente não na interpretação tradicional do termo “criacionista” -, oferece muitos exemplos do que ele chama “complexidade irredutível” os quais, segundo ele, não poderia ter-se desenvolvido por um processo casual.

2. Life Itself: Its Origin and Nature [A vida em si: sua origem e natureza] – Francis Crick.

Este laureado com o Nobel assinala que os problemas relativos à origem da ida na Terra são tão grandes eu ela vede ter-se originado noutra parte do Universo e então sido transferida para cá.

3. Evolution: Theory in crisis [Evolução: uma teoria em crise] – Michael Denton.

Este microbiologista descarta levianamente a criação como mito, porém declara: “Em última análise a teoria darwiniana da evolução não passa do grande mito cosmogênico do século vinte”.

4. The Neck og the Giraffe: Where Darwin Wente Wrong [O pescoço da Girafa: Onde Darwin saiu dos trilhos] – Francis Hitching.

Hitching indica em seu livro problemas sérios para a evolução.

5. Beyond Neo-Darwinism [Além do Neodarwinismo] – Mae-Wan Ho e Peter Saunders.

Esses dois acadêmicos da Inglaterra, que são evolucionistas, assinalam que “todos os sinais são de que a teoria da evolução enfrente uma crise, e que uma mudança está a caminho”.

6. Darwinism: The Refutation of a Mith [Darwinismo: A refutação de um mito] – Søren Løvtrup.

Esse embriologista da Suécia, que crê em alguma forma de evolução por etapas maiores, declara: “Creio que um dia o mito darwiniano será considerado o maior engano na história da ciência. Quando isso ocorrer, muitas pessoas levantarão a pergunta: Como pôde ter acontecido isto?”

7. Problems of Evolution [Problemas da evolução] – Mark Ridley.

Este evolucionista da universidade de Oxford suscita várias indagações a respeito da evolução, algumas das quais ele considera de menor importância, enquanto outras (por exemplo, como ocorrem as grandes mudanças evolutivas) são definitivamente
problemáticas).

8. Origins: A Skeptic’s Guide to the Creation of Life on Earth [Manual do cético para a criação da vida] – Ribert Shapiro.

Este destacado químico da Universidade de Nova York suscita muitas
perguntas a respeito da evolução. Ele afirma sua fé na ciência e espera que esta
seja capaz de formular um modelo plausível.

9. The Great Evolution Mistery [O grande mistério da evolução] – Gordon Rattray Taylor.

Este erudito escritor britânico sobre ciências afirma a sua crença na
evolução, mas, com referência a um mecanismo possível para a evolução, afirma:
“Em resumo, o dogma que tem dominado a maior parte do pensamento biológico por
mais de um século está entrando em colapso.

* FONTE: Origens – Ariel A. Roth, pág. 135-6.

Enquanto muitos dos próprios evolucionistas “desconfiam” da teoria da evolução, universitários são tratados com desprezo por não concordarem com a mesma.

Criacionistas são ignorantes?

Na reportagem, mais uma vez é sustentado o paradigma de que os criacionistas são acéfalos, ignorantes, sem ciência. A única defesa do argumento criacionista por parte dos universitários no texto é o seguinte: “Minha avó não é macaca. Então foi Deus quem criou o homem”. Será que a pesquisa da UFF não contou com a colaboração de nenhum universitário evangélico embasado, com argumentos científicos? Ou será que essa resposta da “avó que não é macaca” foi escolhida a dedo para manter o estigma da ignorância criacionista?

E se é “proibido” existir um aluno universitário antievolucionista, o que dizer de um professor? Sim, um professor universitário! Também é proibido?

Um exemplo de destaque no Brasil é o pós-doutor e professor da Unicamp Marcos N. Eberlin, um dos maiores cientistas brasileiros. Em seu recém-lançado livro online http://www.fomosplanejados.com.br/, ele aponta evidências científicas de planejamento em todo o universo – e não mera evolução desordenada e desproposital.

Nota-se, assim, que a verdade factual e inegável da evolução proposta pela mídia nada mais é que arrogância. Existe um outro lado. Um outro lado mais inteligente do que se possa imaginar.

Seriado americano exibe sexo a três

[Daniel Lüdtke]

Apesar de protestos, o seriado “Gossip Girl” exibiu em 9 de novembro o polêmico episódio com cena de sexo a três. Foi assim: no chão, bebendo e folheando um jornal da faculdade, Olivia, Dan e Vanessa leem uma matéria sobre coisas que todos os universitários devem fazer durante seus anos de estudo. Percebem, então, que o único item que na fizeram da lista foi sexo a três. Dan beija Olívia. Olívia beija Vanessa. Dan beija Vanessa. E por aí começa...

O anúncio da terceira temporada estampava a fotos de uma mulher sendo beijada por outras duas pessoas (um homem e outro indivíduo do qual se vê apenas o queixo, não sendo possível identificar o sexo). Com a divulgação, emergiram contestações que levaram a Parents Television Council, organização que monitora conteúdos da TV norte-americana, solicitar a suspensão da cena.

"Vocês serão cúmplices em estabelecer um precedente e expectativas de que os adolescentes devem adotar comportamentos associados a filmes adultos?”, inquiriu Tim Winter, presidente da organização, em carta à CW, TV que exibe “Gossip Girl”. Segundo, Winter, o enredo do seriado é “expressamente direcionado a jovens impressionáveis”, o que os levaria a copiar a vida desregrada dos personagens. Ele também afirmou que a possível exibição do capítulo intitulado “Sexo a três” era considerada “temerária” e “irresponsável” por parte dos pais americanos. Mas quando a mídia impõe, quem pode impedir?

A CW defendeu-se dizendo apenas que o público-alvo do seriado é de 18 a 34 anos, com média da audiência em 27 anos – e ponto final. Ah, e depois desse ponto final começou um outro capítulo – aquele chamado “Sexo a três”.

Em blogs e sites foi dito que a atitude da Parents Television Council era uma clara manifestação ditatorial. Mas será que essa não seria a atitude da CW? Não seria a insistente obstinação em promover a perversão sexual e incentivo a prostituição, apresentando-as como “coisas que todos têm que fazer”, a verdadeira ditadura? E no fim da história, não é sempre o ditador que vence?

Essa é mais uma prova cabal da era em que vivemos: Idade Mídia.


No site oficial da Parentes Television Council, algumas contestações gerais ao seriado incluem tratar o sexo como “ferramenta utilizada para manipular as pessoas” e mostrar que, apesar desse tipo de sexo banal e barato, os personagens “não sofrem consequências físicas ou psicológicas”. “As consequências reais são inexistentes neste mundo de fantasia”, aponta a entidade.

Mas é claro, essas contestações nunca serão ouvidas. Ditadores nunca ouvem.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Big Bang vai se aposentar?

[Daniel Lüdtke]

Certeza. Dúvida. Garantia. Probabilidade. Muitas verdades categóricas apresentadas pela mídia mostram-se, quando analisadas a fundo, como pressupostos ainda não confirmados ou, na pior das hipóteses, presunçosas arrogâncias.

A revista Veja desta semana (25 de junho de 2008) esbanjou convicções típicas da crença “ciência explica tudo”. A reportagem especial sobre o Big Bang trazia na capa a certeza: “O Nascimento do Universo: A ciência está perto de descobrir a origem de tudo”. Obviamente o “está perto” indica um estudo ainda em processo – diferentemente do que transmitiu a manchete da edição de 29 de abril de 1992: “A ciência desvenda o mistério da explosão que criou o universo”.

Acontece que o “estudo ainda em processo”, apesar de inconcluso, é apresentado, na maioria das vezes, como verdade indiscutível. Nesta edição de Veja, entretanto, interrogações, lacunas e possibilidades de erros são apresentadas claramente nas páginas da reportagem especial.

A fragilidade da teoria do Big Bang é exposta na expectativa do resultado do teste do maior acelerador de partículas do mundo, que irá reproduzir os fenômenos pós-Big Bang. Se não funcionar, a teoria pode se aposentar.

E se o experimento provar a possibilidade do Big Bang?

Resposta da página 94: “(...) os físicos poderão dormir tranqüilos. Ficarão de pé suas teorias sobre o Big Bang e como o universo nasceu e se formou do modo como conhecemos”.

E se o experimento não provar a possibilidade do Big Bang?

Resposta da página 91: “Os físicos terão de rever sua explicação para o universo como o conhecemos. (...) Teremos de encontrar outras explicações para o início de tudo”.

“Os físicos teórico voltarão para seus cálculos em busca de outra teoria”, complementa a página 94.

Apesar da possibilidade de aposentadoria por invalidez, a teoria do Big Bang continua sendo pintada na mídia com a robustez da meia-idade.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Estudo relaciona descrença religiosa a QI alto

[BBC]

Um artigo de pesquisadores europeus, que será publicado na revista acadêmica Intelligence em setembro, defende a tese de que pessoas com QI (Quociente de Inteligência) mais alto são menos propensas a ter crenças religiosas.

O texto é assinado por Richard Lynn, professor de psicologia da Universidade do Ulster, na Irlanda do Norte, em parceria com Helmuth Nyborg, da Universidade de Aarhus, na Dinamarca, e John Harvey, sem afiliação universitária.

A conclusão é baseada na compilação de pesquisas anteriores que mostram uma relação entre QIs altos e baixa religiosidade e em dois estudos originais.

Em um desses estudos, os autores compararam a média de QI com religiosidade entre países.

No outro estudo, eles cruzaram os resultados de jovens americanos em um teste alternativo de habilidade intelectual (fator g) com o grau de religiosidade deles.

Na pesquisa entre países, os pesquisadores analisaram média de QI com o de religiosidade em 137 países. Os dados foram coletados em levantamentos anteriores.

Os autores concluíram que em apenas 23 dos 137 países a porcentagem da população que não acredita em Deus passa dos 20% e que esses países são, na maioria, os que apresentam índices de QI altos.

Exceções

Os pesquisadores dividiram os países em dois grupos.

No primeiro grupo, foram colocados os países cujas médias de QI são mais baixos, variando de 64 a 86 pontos. Nesse grupo, uma média de apenas 1,95% da população não acredita em Deus.

No segundo grupo, onde a média de QI era de 87 a 108, uma média de 16,99% da população não acredita em Deus.

Os autores argumentam que há algumas exceções para a conclusão de que QI alto equivale a altas taxas de ateísmo.

Eles citam, por exemplo, os casos de Cuba (QI de 85 e cerca de 40% de descrentes) e Vietnã (QI de 94 e taxa de ateísmo de 81%), onde há uma porcentagem de pessoas que não acreditam em Deus maior do que a de países com QI médio semelhante.

Uma possível explicação estaria, segundo os autores, no fato de que "esses países são comunistas nos quais houve uma forte propaganda ateísta contra a crença religiosa".

Outra exceção seriam os Estados Unidos, onde a média de QI é considerada alta (98), mas apenas 10,5% dizem não acreditar em Deus, uma taxa bem mais baixa do que a registrada no noroeste e na região central da Europa - onde há altos índices médios de QI e de ateísmo.

LEIA MAIS: http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2008/06/080612_inteligenciareligiao_mp.shtml

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Época entrevista o advogado de Deus

[Daniel Lüdtke]

Ineditamente, a Época entrevistou (09/05/08) o ex-ateu Alister McGrath, doutor em biofísica molecular e teologia pela Oxford, onde atualmente é professor. McGrath, autor do livro “O delírio de Dawkins”, é um dos principais defensores do cristianismo no meio científico e um dos maiores críticos do fundamentalismo ateísta de Richard Dawkins – popularmente difundidos na polêmica obra “Deus, um delírio”.

Silêncio do tribunal. Que fale o advogado de Deus!

Entrevista: Alister McGrath afirma que a fé ajuda a explicar o que a ciência não consegue

Alister McGrath e Richard Dawkins, autor do livro "Deus, um delírio", têm trajetórias bastante parecidas. Ambos são cientistas de Oxford, estudiosos das ciências naturais e mostram-se abertos a novas formas de pensar, desde que as evidências o levem a isso. A diferença é que o raciocínio lógico levou Dawkins a pregar o ateísmo e McGrath a acolher a fé. Leia, nesta entrevista, como ele considera que a existência de Deus pode ajudar o conhecimento científico.

ÉPOCA - Quando você passou a acreditar em Deus?

Alister McGrath - Na juventude estive apaixonadamente persuadido pela veracidade e relevância do ateísmo. Quando fui para Oxford estudar química, comecei a refletir sobre se aquilo faria sentido. Mais tarde conheci Joanna (sua atual esposa) e percebi que a força dos argumentos que levam a Deus é mais satisfatória do que a que leva ao ateísmo.

ÉPOCA - Vocês e Richard Dawkins são amigos?

McGrath - Não, somos apenas professores da mesma universidade. Nós estamos presentes em alguns congressos e nos encontramos. Somos cordiais. Mas não posso dizer que somos amigos. Nós nos conhecemos mais pelas publicações que um e outro produziu. E nossas divergências também aparecem no que escrevemos.

ÉPOCA - Você diz que Dawkins se tornou um fanático. Qual a sua suspeita?

McGrath - A agressividade de Dawkins é reflexo de sua frustração. Ele passou a ser mais agressivo porque sabe que a religião está cada vez mais presente na vida das pessoas. Ele convoca seus leitores para militar contra a religião e rompe com sua própria argumentação. Seu único argumento é de que a religião não descobriu nenhum indício sobre a existência de qualquer realidade que não seja a natural. É por frustração que ele afirma que toda a religião é perniciosa e deve ser banida da sociedade.

ÉPOCA - Quais seus argumentos para acreditar que Deus existe?

McGrath - Neste meu livro, eu realmente não dou argumentos para acreditar em Deus, mas rebato os de Dawkins. A forma como você acredita em Deus dá sentido ao mundo. Acreditar em Deus traz esperança e motivação para se manter vivo e se relacionar com as pessoas.

ÉPOCA - Você acredita na evolução?

McGrath - Eu discordo de Dawkins em sua insistência de que a evolução biológica exclui Deus do processo. Não entendo como ele chegou a essa conclusão. Na minha opinião, as duas coisas são compatíveis.

ÉPOCA - As pessoas religiosas têm a moral mais desenvolvida que os ateus?

McGrath - Não quero dizer que ateus são pessoas ruins. O que quero dizer
é que acreditar em Deus dá habilidade e ferramentas para tratar melhor deste
assunto.

ÉPOCA - Dawkins diz que é importante submeter a fé a um exame crítico. Você acredita nisso?

McGrath - Sim, acho que isso é uma importante coisa a se fazer. Acredito que todo mundo deveria submeter suas crenças a um exame crítico. Sempre. A razão pela qual sou cristão é porque submeti minhas crenças e descobri que elas não ficavam em pé. Para mim, acreditar em Deus tem razões muito mais robustas.

ÉPOCA - Quando a ciência não pode explicar Deus?

McGrath - Penso que a ciência é extremamente efetiva para explicar o mundo natural. Mas quando tenta explicar questões como valores ou significados, não acredito que ela consiga com êxito. Dawkins diz que a ciência pode explicar todas as coisas. Eu digo que acreditar em Deus ilumina partes da vida que a ciência não pode explicar. As duas podem trabalhar muito bem juntas.

ÉPOCA - Você votaria em um candidato ateu?

McGrath - Eu não escolheria meu candidato considerando a religiosidade dele. Dawkins exagerou no preconceito. Eu não cultivo o preconceito que ele próprio tem. Há um grande preconceito dentro da universidade, especialmente contra cristãos.


Em seu livro “O delírio de Dawkins”, McGrath questiona o dogmatismo ateísta de Richard Dawkins. “Tal qual um evangelista, Dawkins prega a seus devotos do ódio a Deus”, aponta McGrath. Veja a síntese do problema:

“Essa questão é muito séria e problemática. A total convicção dogmática que permeia algumas partes do ateísmo ocidental de hoje, notavelmente ilustrada em ‘Deus, um delírio’ – se alinha de imediato a um fundamentalismo religioso cujas idéias não se podem examinar ou contestar. Dawkins resiste a ajustes em suas convicções, que ele considera luminosamente verdadeiras e, portanto, isentas de qualquer defesa. Está tão convencido da correção de suas concepções que não se permite acreditar que as evidências possam legitimar quaisquer outras opções – sobretudo religiosas” [p. 19].


DAWKINS versus MCGRATH

Leia a síntese do duelo de argumentos entre Richard Dawkins e Alister McGrath, como apresentados em “O delírio de Dawkins”:

A FÉ É INFANTIL

Argumento de Dawkins: Crer em Deus é como crer no coelhinho da Páscoa ou em Papai Noel – crenças infantis que são abandonadas tão logo nos tornamos capazes de pensar com base nas evidências. A humanidade “pode deixar a fase do bebê-chorão e finalmente atingir a maioridade”. Tal “explicação infantil” pertence a uma era remota e supersticiosa da história, já superada, da humanidade” [Thought for the Day, Rádio BBC, 2003].

Argumento de McGrath: “Quantas pessoas você conhece que passaram a acreditar em Papai Noel na vida adulta? Ou que, na velhice, achou sua fé no consolador coelhinho da Páscoa? (...) Eu não acreditava em Deus até ir à universidade. Aqueles que usam o argumento da infantilidade devem explicar por que tantas pessoas descobrem Deus mais tarde na vida, e certamente não acreditam que isso representa algum tipo de regressão, perversão ou degeneração” [O delírio de Dawkins, p. 28].

A EXTREMA IMPROBABILIDADE DE DEUS

Argumento de Dawkins: “Qualquer Deus capaz de projetar qualquer coisas teria se ser complexo o suficiente para exigir o mesmo tipo de explicação para si mesmo. A existência de Deus nos coloca diante de uma regressão infinita da qual ele não consegue nos ajudar a fugir” [Deus, um delírio, p. 153].

Argumento de McGrath: “Dawkins é particularmente sarcástico em relação aos teólogos que se permitem o ‘duvidoso luxo de conjurar arbitrariamente uma terminação para a regressão infinita’ (Deus, um delírio, p. 112). Tudo o que é auto-explicado deve ser explicado – e essa explicação, por sua vez, precisa ser explicada, e assim por diante. Não há um meio justificável de pôr um fim a essa regressão infinita de explicações. O que explica a explicação? Ou para mudar um pouco a metáfora, quem projetou o projetista? (...) Talvez devamos refletir sobre as muitas coisas aparentemente improváveis – mas a improbabilidade não implica, nem nunca implicou, a não-existência. Podemos ser altamente improváveis. Mas estamos aqui. A questão, portanto, não é se Deus é provável, mas se Deus é real” [O delírio de Dawkins, p. 38-41].

A CIÊNCIA EXPLICA TUDO

Argumento de Dawkins: “A ciência explica tudo” [Philosophical Foudations of Neuroscience, p. 372-376].

Argumento de McGrath: “As teorias científicas não podem ser tomadas para ‘explicar o mundo’, mas apenas para explicar os fenômenos observados no mundo. Além disso, argumentam os autores, as teorias científicas não descrevem e explicam ‘tudo sobre o mundo’, e nem pretendem fazê-lo – conforme suas propostas. Direito, economia e sociologia podem ser citadas como exemplos de disciplinas que se dedicam a fenômenos de domínios específicos, sem que, de modo algum, sejam consideradas inferiores às ciências naturais ou delas dependentes” [O delírio de Dawkins, p. 53].

RELIGIOSIDADE GERA VIOLÊNCIA - ATEÍSMO NÃO

Argumento de Dawkins: “Não acredito que haja um ateu no mundo que demoliria Meca – ou Chartres, York Minster ou Notre Dame” [Deus, um delírio, p. 322].

Argumento de McGrath: “A visão ingênua e pueril de Dawkins de que ateus nunca cometem crimes em nome do ateísmo tropeça nas cruéis pedras de realidade. (...) A história da União Soviética está repleta de incêndios e explosões de inúmeras igrejas. Sua contestação de que o ateísmo é livre de violência e opressão, as quais ele associa com a religião, é simplesmente insustentável e sugere um significativo ponto cego” [O delírio de Dawkins, p. 111].

“Suponha que o sonho de Dawkins se tornasse realidade e a religião desaparecesse: isso poria fim às divisões dentro da humanidade? Com certeza não. Tais divisões são basicamente construtos sociais que refletem a necessidade sociológica fundamental de autodefinição das comunidades, e que identificam quem está ‘dentro’ e quem está ‘fora’, quem são os ‘amigos’ e quem são os ‘inimigos’” [O delírio de Dawkins, p. 115].


JESUS FOI SEPARATISTA E O CRISTIANISMO PROMOVE ISSO

Argumento de Dawkins: “Jesus foi um devoto da mesma moralidade entre membros do mesmo grupo – associada à hostilidade a forasteiros – que era tida como certa no Antigo Testamento. Jesus era um judeu leal. Foi Paulo quem inventou a idéia de levar o Deus dos judeus aos gentios. Hartung usa um tom mais duro do que eu ousaria: ‘Jesus teria se revirado no túmulo se soubesse que Paulo estava levando seu plano aos porcos’” [Deus, um delírio, p. 332].

Argumento de McGrath: “Em primeiro lugar, Jesus estende explicitamente o mandamento do antigo Testamento de ‘amar o seu próximo’ para ‘amar os inimigos’ (Mateus 5:44). Longe de endossar a ‘hostilidade aos de fora’, ele recomendou e ordenou uma moral de ‘ratificação dos de fora’. (...) Os cristãos podem ser acusados de não cumprir esse mandamento. Mas ele stá lá, bem na essência da ética cristã”. [O delírio de Dawkins, p. 120-121].

“Em segundo lugar, muitos leitores poderia mencionar que a conhecida narrativa da parábola do bom samaritano deixa claro que o mandamento para ‘amar o seu próximo’ vai além do judaísmo. (...) No Novo Testamento, tal grupo é diversamente chamado de ‘pecadores’, ‘coletores de ‘impostos’ e ‘prostitutas’. Uma das principais acusações feitas por seus críticos no judaísmo era a aberta aceitação de Jesus aos ‘de fora’” [O delírio de Dawkins, p. 121].

quarta-feira, 14 de maio de 2008

G1 publica a "verdade" sobre a Arca da Aliança... Bem, talvez...

[Daniel Lüdtke]

Não é de hoje que a mídia apresenta notícias sensacionalistas com a alcunha de “verdade”. O G1 publicou em 11 de maio: Conheça a verdadeira ‘cara’ da Arca da Aliança, objeto mais sagrado da Bíblia”. Segundo a reconstituição apresentada, a peça sagrada original teria dois cavalos alados sobre a tampa, ao invés dos dois anjos mencionados na Bíblia. Esses cavalos seriam a revelação do passado politeísta do povo de Israel. O leitor, todavia, ávido por ter acesso a essa “verdade”, depara-se com um texto não-conclusivo, longe da veracidade proposta na chamada.

Assim, em contraste com a afirmação categórica do título, a reportagem é recheada de termos como: “Lembra um bocado”; “parece ter tido sua origem”; “parece que”; “deve ter acontecido”; “provavelmente”. Veja:

"A Arca parece ter tido sua origem nos amuletos protetores parecidos com caixas usados até hoje por algumas tribos de beduínos. Colocadas em cima de camelos, essas caixas são a vanguarda das migrações deles, da mesma maneira como se descreve a Arca liderando os israelitas no deserto", escreve Stephen A. Geller, professor de estudos bíblicos do Seminário Teológico Judaico de Nova York.

"Parece que a tendência ao aniconismo [ou seja, a não fazer imagens divinas] é uma coisa que veio mais tarde, por volta dos séculos 8 a.C. ou 7 a.C.", afirma ele. "Antes disso, a prática do politeísmo [adoração a vários deuses] no Templo de Jerusalém deve ter acontecido normalmente."

O próprio Tabernáculo dá indicações da associação do culto israelita com deuses dos cananeus, moradores politeístas da região que se tornaria Israel. "O principal deus cananeu, El, era retratado como morando numa tenda, no alto de uma montanha", afirma Christine Hayes, professora de Bíblia Hebraica da Universidade Yale (EUA). É uma imagem que lembra um bocado Javé, o qual ordena a construção do Tabernáculo e fala com Moisés no monte Sinai.

Legenda: Monstro alado de palácio assírio do século VIII a.C.: os querubins da Arca da Aliança provavelmente tinham uma aparência desse tipo.


O fato de lembrar um bocado não significa muita coisa. Parecer também pode não indicar nada mais que parecer. A mídia insiste em afirmar ao invés de supor, apontar. E quando o assunto é Bíblia, não importa a fragilidade das evidências. Se elas aparentemente contradizem as Escrituras, pode-se tomar isso como verdade. Ponto final.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Mídia aponta ausência de provas como prova de que Moisés não existiu

[Daniel Lüdtke]

A manchete do G1 (20/04/08) alardeia: “Moisés pode não ter existido, sugere pesquisa arqueológica”. “O que será que os arqueólogos descobriram?”, é a pergunta que logo vem à mente. Bem, na verdade, nada foi descoberto. Trata-se de mais uma teoria firmada na ausência de documentos. É simples: Se não achamos nada específico sobre Moisés, é porque ele não existiu. Palmas para complexa e profunda “análise científica”.

Embora a reportagem admita que o livro de Êxodo pode “ter tido uma origem em acontecimentos reais”, Moisés e os acontecimentos ligados à libertação do Egito são tomados como floreios de uma história simplória e insossa.

Antes, drogado. Agora... quem sabe?

"O Moisés da Bíblia é claramente 'construído'. Pode até ter existido um Moisés lá no passado que inspirou o dos textos, mas nada sabemos dele com segurança”, opinou contraditoriamente Airton José da Silva, professor de Antigo Testamento do Centro de Estudos da Arquidiocese de Ribeirão Preto (SP).

Na primeira sentença, Silva garante que Moisés foi um personagem “claramente construído”, montado pelo disse-que-me-disse da tradição oral. Afirma, entretanto, logo em seguida, que “nada sabemos dele com segurança”. O professor está claramente convencido do que fala ou não tem segurança de nada? O que ele quer dizer com isso?

Povo pequeno e sem graça

Embora a reportagem mencione a estela de Merneptah – coluna de pedra erigida pelo faraó Merneptah, onde menciona-se e comprava-se o nome de Israel como povo organizado já em 1200 a.C. –, reduz a nação a um insignificante amontoado de nômades. Para estes “pesquisadores” (o termo “especuladores” também cairia bem), a falta de documentos egípcios que relatem a presença israelita do Egito é “prova” de que eles nunca viveram de fato no país banhado pelo Nilo.

No texto, Milton Schwantes, professor da Faculdade de Filosofia e Ciências da Religião da Universidade Metodista de São Paulo, especula que a libertação descrita do Êxodo pode até ter ocorrido, mas de maneira bem menos espetacular que a narrativa bíblica aponta. Ele ironiza: "É uma cena de pequeno porte – estamos falando de grupos minoritários, de 150 pessoas fugindo pelo deserto. Em vez do exército egípcio inteiro perseguindo essa meia dúzia de pobres e sendo engolido pelo mar, o que houve foram uns três cavalos afundando na lama".

Atravessando o mar... quer dizer, o pântano!

A passagem do povo de Israel pelo Mar Vermelho é um dos momentos mais marcantes de toda a história do povo, relembrado em hinos, orações e sermões bíblicos. Na reportagem, entretanto, o próprio autor faz uma afirmação sem ser apoiado por nenhuma citação:

O sentido original do hebraico Yam Suph, normalmente traduzido como "Mar Vermelho", parece ser "Mar de Caniços", ou seja, uma área cheia dessas plantas típicas de regiões lacustres. Assim, nas versões originais da lenda, afirmam estudiosos do texto bíblico, os "carros e cavaleiros" do Egito teriam ficado presos na lama de um grande pântano, enquanto os fugitivos conseguiam escapar. Conforme a tradição oral sobre o evento se expandia, os acontecimentos milagrosos envolvendo a abertura de um mar de verdade foram sendo adicionados à história.

Mais uma explicação mirabolante e nada sólida para os eventos bíblicos. Mais uma conjectura rotulada de “pesquisa científica”.

terça-feira, 4 de março de 2008

Moisés estava drogado no monte Sinai?

[Daniel Lüdtke]

“Sim”. Essa é a opinião de Benny Shanon, especialista em psicologia da Universidade Hebraica de Jerusalém. Segundo ele, Moisés teria ingerido a substância alucinógena conhecida no Brasil como chá do Daime, de modo que a doação divina dos Dez Mandamentos seria uma ilusão cognitiva causada pela droga.

A teoria foi publicada esta semana na revista de filosofia Time and Mind e divulgada hoje no País pela BBC Brasil, O Estado de S. Paulo e G1. A repercussão do estudo gerou polêmica no mundo afora.

“De acordo com o pesquisador, a criação dos Dez Mandamentos poderia ser conseqüência de uma experiência com substâncias psicotrópicas, que alteram o estado cognitivo do indivíduo, e se encontram em plantas existentes inclusive no deserto do Sinai”, disse Shenon à BBC. "Segundo o pesquisador, os efeitos psicodélicos das bebidas preparadas com a ayahuasca são comparáveis aos produzidos pelas bebidas fabricadas com o córtex da acácia. A Bíblia menciona essa árvore freqüentemente, e sua madeira é parecida com a que foi utilizada para talhar a Arca da Aliança", informou o G1.

O rabino Yuval Sherlo, como publicou a BBC, garantiu que "a teoria é absurda e nem merece uma resposta séria". Segundo ele, a divulgação dessa teoria "põe em dúvida a seriedade tanto da ciência como da mídia".

Na reportagem, Benny Shanon conta que a primeira vez que experimentou o chá do Daime – à base da planta ayahuasca – foi em Rio Branco, no Acre, em 1991. Desde então, ele realizou estudos relacionando a ayhuasca e o fenômeno religioso, como em seu livro Antipodes of the Mind, publicaddo em 2003 pela Oxford University Press. Abaixo, Shanon descreve as experiências que teve com o uso do chá do Daime:

"A substância abriu para mim uma dimensão do sagrado que nunca tinha vivenciado antes, tive visões muito fortes, inclusive de cantar junto com milhares de anjos", descreve o pesquisador israelense. "A experiência foi tão forte que me levou a querer integrá-la no estudo da fenomenologia da consciência humana."

"Estudei, então, todos os contextos culturais e religiosos ligados à ingestão da ayahuasca", conta Shanon.

"Cheguei à conclusão de que, nas religiões mais antigas, como a zoroastra e a hinduísta, também houve rituais ligados à ingestão de substâncias que levam a alterações cognitivas, nos quais os participantes 'viram Deus' ou 'viram vozes'."

O professor de psicologia cognitiva cita o fenômeno da sinestesia, em que se cria uma relação entre planos sensoriais diferentes e o indivíduo se encontra em um estado neurológico que possibilita que ele "veja sons".

"Na Bíblia, há frases como 'o povo viu as vozes', que me chamaram a atenção, pois descrevem exatamente a sinestesia que ocorre com a ingestão da ayahuasca", afirma Shanon. "Encontrei frases semelhantes em textos e cânticos de outras religiões."

É verdade que indivíduos sob o efeito chá do Daime têm alucinações nas quais vêem vultos brancos, vozes, entre outros efeitos aparentemente sobrenaturais. Acontece que o efeito dura apenas algumas horas, e no episódio da doação da Lei, Moisés passa 40 dias no monte. Além dos Dez Mandamentos – princípios morais que dificilmente surgiriam de uma mente alucinada –, outras leis civis e religiosas são dadas detalhadamente a Moisés. Do capítulo 19 ao 31 do livro de Êxodo, são relatadas as instruções de Deus a Moisés, que incluem ainda toda a construção do santuário de maneira minuciosa e precisa.

Ninguém em delírio poderia produzir leis como essas apresentadas em Êxodo. Shanon, todavia, tenta se explicar: "Mas não é qualquer pessoa que ao ingerir a substância é capaz de criar os Dez Mandamentos, é necessário ser um Moisés para isso. Ao meu ver, a ayhuasca libera uma criatividade interna, como a arte", propõe.

“Não”, seria a resposta mais óbvia.

segunda-feira, 3 de março de 2008

"Super" desmente sensacionalismos do túmulo de Jesus e casamento com Maria Madalena

[Daniel Lüdtke]

A edição de março da Superinteressante publicou entrevista com Jonh Dominic Crossan1, “o papa do Jesus Histórico – como ressaltou a revista. Quando interrogado sobre a suposta descoberta de túmulos da família Jesus e do alardeado caso de Jesus com Maria Madalena, fomentado pelo Código da Vince, Crossan negou a veracidade desses “fatos”.

“Maria Madalena foi de fato uma apóstola importante, mas não há evidências de que Jesus fosse casado com ela”, garante o estudioso. Para Crossan, todavia, Jesus só não se casar porque não tinha condições financeiras para tal. “Isso não significa necessariamente um celibato programático, tem mais cara de sinal de pobreza. Muitos camponeses jovens não conseguiam se casar por causa da falta de bens”.

A questão dos túmulos foi outra muito divulgada pela mídia. A Superinteressante foi uma das propagadoras, lançando no Brasil, inclusive, o documentário O Túmulo secreto de Jesus, produzido pelo canal Discovery. Dos dez ossuários encontrados perto de Jerusalém, seis tinham nomes parecidos com as da família de Jesus: “Maria”, “José”, e a polêmica “Jesus, filho de José”. A similaridade foi agravada com um corpo encontrado ao lado desse “Jesus”, com o nome de “Mariamme”. “Como na época os casais eram enterrados juntos, seria ela Maria Madalena, mulher de Jesus?”, questionou a Super.

Crossan argumenta: “Se tivessem encontrado neles o nome de Maria Madalena, seria uma evidência importante. Mas o nome mais comum no século 1, na Palestina cristã, era Maria”. Maria e José já eram nome comuns naquele tempo. Jesus também. Seria o equivalente ao “João” do Brasil. Portanto, encontrar um túmulo com a inscrição “João, filho de José”, não seria uma informação nada precisa. “Quanto aos túmulos, não acredito que sejam da família de Jesus. Os nomes que aparecem nas tumbas eram comuns naquela época”, finaliza a questão.


(1) Crossan é membro do Seminário de Jesus, grupo de estudiosos da ala liberal (contendo desde ateus até um cineasta) que tentam provar que Jesus era unicamente um homem; nada além disso.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

O que aconteceria se o islamismo não existisse?

[Blog do Marcos Guterman, editor do Estadão]

A provocativa pergunta do título acima foi feita por Graham Fuller, ex-vice-presidente do Conselho Nacional de Inteligência da CIA, em artigo na revista Foreign Policy. A resposta de Fuller à questão é: nada. Ou seja, boa parte dos conflitos étnicos, colonialistas, nacionais e ideológicos atuais permaneceria mais ou menos como é, por uma simples razão: o islamismo não está na raiz dessas crises.

Fuller vai mais longe e afirma que as religiões em geral servem para esconder as verdadeiras razões dos conflitos. Ele diz que os europeus teriam feito as Cruzadas de qualquer maneira, com outro nome, porque os interesses eram mais políticos e econômicos. A aventura colonial ultramarina usou como desculpa a conversão religiosa dos nativos para que as potências européias expandissem seus domínios.

O especialista diz que a mesma lógica se aplica à ocupação do Iraque, que seria rejeitada mesmo se os iraquianos fossem cristãos. “Em lugar nenhum do mundo as pessoas aceitam ocupação estrangeira e a morte de cidadãos do país por tropas estrangeiras. De fato, grupos ameaçados por forças externas invariavelmente se escoram em ideologias apropriadas para justificar e glorificar sua luta de resistência. A religião é uma dessas ideologias”, escreve Fuller.

Ele afirma também que a religião islâmica só muito recentemente entrou no discurso da questão palestina, e o especialista lembra que foram os árabes cristãos que iniciaram o movimento nacionalista árabe.

Por fim, Fuller diz que o discurso do Ocidente que vincula o islamismo ao terror esquece que boa parte dos movimentos terroristas do último século nada tinha a ver com muçulmanos. Nem mesmo recentemente o terrorismo praticado por grupos islâmicos tem sido significativo, pelo menos na Europa: segundo a Europol, dos 498 atentados no continente em 2006, 424 foram cometidos por grupos separatistas, 55 por extremistas de esquerda e 18 por outros grupos diversos. Apenas um foi perpetrado por muçulmanos.

Para Fuller, com tantas questões profundas envolvidas no conflito entre Ocidente e Oriente, como imperialismo, nacionalismo, poder e recursos naturais, a religião não pode ser invocada como fator central, como querem fazer os neoconservadores americanos.

Papa adverte contra o poder de 'sedução' da ciência

(Stephen Brown, da agência Reuters)

O papa Bento 16 alertou na segunda-feira contra os poderes "sedutores" da ciência, que relegam a espiritualidade do homem a um nível inferior, reanimando o debate ciência versus religião. Recentemente essa disputa impediu o pontífice de fazer um discurso numa universidade devido a protestos de estudantes.

"Numa era em que os desenvolvimentos científicos atraem e seduzem com as possibilidades que oferecem, é mais importante que nunca educar as consciências de nossos contemporâneos para que a ciência não se torne critério para o bem", disse o papa a cientistas.

As investigações científicas devem ser acompanhadas de "pesquisa antropológica, filosófica e teológica" para esclarecer "o próprio mistério do homem, porque nenhuma ciência é capaz de dizer quem é o homem, de onde ele vem ou para onde vai", afirmou.

"O homem não é fruto do acaso ou de um grupo de coincidências, determinismo ou reações físicas e químicas", disse o papa numa reunião com acadêmicos de várias disciplinas, promovido pela Academia de Ciências de Paris e pela Academia Pontifícia de Ciências.

O papa reiterou o apelo, feito em vários discurso desde que ele assumiu o posto, em 2005, para que a humanidade seja "respeitada como o centro da criação", e não relegada a segundo plano por interesses de curto prazo.

A postura conservadora do papa em questões como o aborto e as pesquisas com células-tronco embrionárias provocam protestos, como o dos estudantes da universidade La Sapienza, de Roma --instituição fundada por um papa há mais de 700 anos.

Bento 16, que iria discursar na universidade, teve de cancelar sua visita em face dos protestos.

Os universitários reclamavam especificamente de um discurso proferido pelo papa em 1990 no qual ele teria defendido a posição da Igreja no julgamento de Galileu Galilei por heresia, no século 17.

O Vaticano disse que os manifestantes interpretaram mal o discurso, proferido pelo papa quando ele ainda era o cardeal Joseph Ratzinger.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

IstoÉ confirma versão bíblica da morte de Cristo

[Daniel Lüdtke]

A revista IstoÉ dessa semana comprova a veracidade do relato bíblico da morte de Jesus. A matéria de capa se baseia nas pesquisas do médico legista americano Frederick Zugibe, “um dos mais conceituados peritos criminais em todo o mundo e professor da Universidade de Columbia” – como destacou o periódico. Zugibe é autor do livro A crucificação de Jes
us – as conclusões surpreendentes sobre a morte de Cristo na visão de um investigador criminal, lançado recentemente no Brasil.

Na introdução da matéria, a autora, Natália Rangel, garante que os estudos sobre a morte de Cristo sempre pendem entre dois extremos: ateísmo ou conclusões preconcebidas e redundantes. Daí, a importância do trabalho de Zugibe. “Ele dissecou a morte de Jesus com a objetividade científica da medicina, o que lhe assegurou a imparcialidade do estudo”, informou Natália.

Suando gotas de sangue

Zugipe analisou cada passo do sofrimento de Cristo. Segundo o relato bíblico, no Jardim das Oliveira Jesus sua gotas de sangue. “A descrição (feita pelo apóstolo Lucas, que era médico) condiz, segundo o legista, com o fenômeno da hematidrose, raro na literatura médica, mas que pode ocorrer em indivíduos que estão sob forte stress mental, medo e sensação de pânico. As veias das glândulas sudoríparas se comprimem e depois se rompem, e o sangue mistura-se então ao suor que é expelido pelo corpo”, confirma a matéria.

Açoites

Para compreender os efeitos dos açoites sobre Jesus, Zugibe estudou as espécies de chicote usadas na época. “Em geral, eles tinham três tiras e cada uma possuía na ponta pedaços de ossos de carneiro ou outros objetos pontiagudos”, assevera o legista. Assim, sabendo-se que Cristo recebeu 39 chibatadas, elas equivaleriam a 117 golpes, devido às três pontas do instrumento de tortura. “As conseqüências médicas de uma surra tão violenta são hemorragias, acúmulo de sangue e líquidos nos pulmões e possível laceração no baço e no fígado. A vítima também sofre tremores e desmaios”, propôs Zugibe. “A vítima era reduzida a uma massa de carne, exaurida e destroçada, ansiando por água”, completou o médico.

Coroa de espinhos

O legista americano percorreu museus de Londres, Roma e Jerusalém, para saber qual a planta da qual teria sido confeccionada a coroa de espinhos usada por Cristo. Ele chegou a plantar em sua casa o espinheiro-de-cristo sírio, arbusto comum no Oriente Médio e que tem espinhos capazes de perfurar a pele do couro cabeludo. “Os espinhos atingiram ramos de nervos que provocam dores lancinantes quando são irritados. A medicina explica: é o caso do nervo trigêmeo, na parte frontal do crânio, e do grande ramo occipital, na parte de trás. As dores do trigêmeo são descritas como as mais difíceis de suportar – e há casos nos quais nem a morfina consegue amenizá-las”, atestou Zugibe.

Sofrimento emocional

Zugibe ainda analisou o sofrimento físico causado pelos pregos de 12,5 centímetros de cumprimento. Testou empiricamente os fortes impactos físicos de Cristo na cruz, simulando a crucifixão com voluntário assistidos por equipamento médicos. O legista, todavia, saliente um sofrimento pouco lembrado: o tormento mental. “Ele foi vítima de extrema angústia mental e isso drenou e debilitou a sua força física até a exaustão total”, declara Zugibe.

Conclusão da pesquisa

Diante das análises, o legista descarta as possibilidades de Jesus ter morrido antes de ser suspenso na cruz, infato ou asfixia. “Jesus morreu de parada cardiorrespiratória decorrente de hemorragia e perda de fluidos corpóreos (choque hipovolêmico), isso combinado com choque traumático decorrente dos castigos físicos a ele infligidos”, conclui Zugibe.

Ciência + Fé

Quando questionado sobre sua fé, Zugibe, como cristão, garantiu que suas pesquisas e estudos aumentaram sua confiança em Deus e na Bíblia. “Depois de realizar os meus experimentos, eu fui às escrituras. É espantosa a precisão das informações”, alega ele. As afirmações do legista apontam para a compatibilidade entre a fé e a religião, a Bíblia e a ciência. “Em nenhum momento meu livro contradiz as escrituras. Os meus estudos só reforçaram a minha fé em Deus”, finaliza Zugibe.

Leia a matéria em: http://www.terra.com.br/istoe/

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Oxford busca razões para o impulso humano de acreditar em Deus

[Daniel Lüdtke]

O Estadão noticiou hoje que pesquisadores da Universidade de Oxford realizarão estudo sobre a crença comum em Deus. A pesquisa terá duração de três anos, custará R$ 7,5 milhões, e terá a participação conjunta de antropólogos, teólogos, filósofos e outros acadêmicos.

Essa verdade sempre foi intrigante: todos os seres humanos de todas as épocas sempre foram propensos a acreditar num ser divino, superior e sobrenatural, algo que é “parte básica da estrutura do ser humano”, como destacou a matéria.

Roger Trigg, diretor do Centro de Ciência e Religião Ian Ramsey, que comandará as pesquisas, afirma que “a fé em Deus é um impulso humano universal encontrado na maioria das culturas do mundo, apesar de estar desvanecendo na Grã-Bretanha e Europa Ocidental em geral”. Emenda: “Uma implicação disso é que a religião é a posição padrão e o ateísmo é que talvez precise mais de explicação".

Este estudo é patrocinado pela organização filanrópica americana John Templeton Foudation, que premia trabalhos que aproximam ciência e espiritualidade. Mais uma prova de que cristianismo e ciência são compatíveis.

Leia a matéria em: http://www.estadao.com.br/vidae/not_vid127149,0.htm

domingo, 3 de fevereiro de 2008

Solitários tendem a crer mais em Deus

[Daniel Lüdtke]

Segundo publicação do Estadão Online (29/01/08), “pessoas solitárias têm uma tendência maior (...) a acreditar em entidades sobrenaturais, como anjos, demônios ou Deus”. A conclusão é resultado de experimentos realizados por psicólogos das Universidades de Chicago e Harvard, disponível em forma de artigo na edição de fevereiro do periódico Psychological Science. O texto, todavia, aponta a crença em Deus como mera carência fisiológica de indivíduos desconectados da sociedade.

Estadão destaca trecho do artigo e explica:

“Pessoas solitárias podem criar um objeto dotado de mente, um mascote ou um deus para povoar seus mundos” e que, dada a alternativa - o sofrimento causado pela solidão - essa pode ser uma estratégia terapêutica. “A correlação positiva entre a posse de um mascote e o bem-estar é bem documentada”.

O texto, entretanto, admite que a solidão funciona mais como uma alavanca para a crença no sobrenatural. "Desconexão social pode não transformar um ateu num fundamentalista, mas pode dar um impulso à crença religiosa entre crentes e descrentes", ressalta.

A Bíblia concorda que os solitários, os que sofrem e os pobres são os que crêem mais em Deus (Mateus 5:3-11). Apresenta também, em contrapartida, que as pessoas socialmente destacadas, ricas, sem preocupações, acabam por não precisar de Deus e crer menos nele (Mateus 13:22).

Todavia, a crença na divindade não é uma anomalia fisiológica dos solitários. Esta é uma necessidade natural de todas as criaturas – que são solitárias sem Deus.

sábado, 26 de janeiro de 2008

A ciência desvendou mesmo as dez pragas do Egito?

[Daniel Lüdtke]

“As pragas do Egito: a ciência explica”, publicou Marcos Guterman, editor do estadão.com.br, no seu blog hospedado pelo site do jornalão paulista. O texto trata do artigo do biólogo Roger Wotton, da University College London, divulgado na revista acadêmica Opticon 1826, onde se afirma que “as pragas do Egito, que desmoralizaram o faraó e acabaram por levar à libertação dos hebreus, tiveram causas naturais” – como resumiu Guterman. A análise do biólogo também foi manchete em Time: “Pragas do Egito 'causadas pela natureza, não Deus'”.

Apesar de alardeado, seu estudo é raso e apresenta conclusões fantasiosas. Nada digno da alcunha “ciência”, como garantiu Guterman. A explicação para as dez pragas, que elimina a possível intervenção de Deus, é resumidamente a seguinte:

A verdadeira (e mirabolante) causa das pragas

Depois de um período de falta de chuva, aconteceu uma dramática mudança de tempo. Fortes chuvas fizeram com que sedimentos da terra caíssem na água. “Como os sedimentos eram vermelhos, aconteceu uma dramática mudança de coloração do rio”, explica Wotton. Essa é a primeira praga relatada no livro de Êxodo. Segundo o biólogo, o excesso de sedimento matou os peixes, resultando num cheiro desagradável da putrefação dos corpos.

Por acaso, migrou uma grande quantidade de rãs, que depositaram seus ovos no terreno arenoso, umedecido pela recente inundação. Por ocasião do nascimento dos insetos, houve explosão de rãs no Egito. O ambiente encharcado, somado aos peixes em estado de putrefação, torna-se ideal para a proliferação de piolhos (3ª praga) e moscas (4ª praga). Essas moscas, por sua vez, em busca de sangue para se alimentar, vão ao encontro dos animais e do homem, espalhando infecção por todos os lados. Acontece então a peste nos animais (5ª praga) e as úlceras nos humanos (6ª praga). De acordo com Wotton, foi nesse tempo também que os gafanhotos foram em busca de comida e devoraram as plantações dos egípcios (8ª praga).

Após estes acontecimentos, teria acontecido um aquecimento na região, a mudança repentina das massas de ar que teria gerado chuva de granizo (7ª praga). Este seria também o tempo das trevas (9ª praga) que cobriram o Egito. A Bíblia, entretanto, fala de três dias de escuridão total. Wotton sugere a possibilidade de serem “dias míticos”, com duração diferente do que conhecemos hoje.

Por fim, Wotton assume não ter posição definida quanto à morte dos primogênitos (10ª praga), mas arrisca: eles podem ter morrido por alguma doença infecciosa.

É interessante como hoje, pessoas ilustres e acadêmicos podem se dar ao luxo de escrever devaneios e chamarem isso de Ciência (com letra maiúscula).

Como surgem os mitos

Para Wotton, o mítico foi somado à história original da libertação de Israel, porque “este é um relato escrito gravado seguindo gerações de transmissão verbal, com a inevitável distorção dos resultados”. Assim teria surgido a lenda.

Acontece que as evidências apontam para Moisés como autor do livro de Êxodo. Assim, não se trataria de uma história passada e repassada, mas escrita por uma testemunha ocular – e mais que isso, o protagonista.

Duas vezes o livro de Êxodo declara que Deus falou para Moisés escrever os acontecimentos ou as leis em um livro (17:14; 34:27) e também diz que “Moisés escreveu todas as palavras do Senhor” (24:4). Estas reivindicações internas também são encontradas em outros livros do Antigo e Novo Testamento.

Outros argumentos a favor da autoria mosaica: (1) todo o Pentateuco – formado pelos cinco primeiros livros da Bíblia e que são atribuídos tradicionalmente à autoria de Moisés – contém características idênticas de estilo e essas peculiaridades são ao mesmo tempo distintas do restante do Antigo Testamento; (2) em todo o esboço de Êxodo, nota-se que o livro foi composto e planejado por uma única mente e não se trata de uma obra grosseira de retalhos; (3) devido às vívidas descrições do texto, o autor foi claramente uma testemunha ocular dos eventos; (4) o autor informa costumes detalhados do povo de Israel e demonstra íntimo conhecimento da terra e da rota do êxodo, o que corrobora a idéia de que o autor era um judeu educado, que em algum momento viveu no Egito (ver At 7:22) e que era familiarizado com parte da Península do Sinai; (5) o Pentateuco contém a maior porcentagem de palavras egípcias de todo o Antigo Testamento e arcaísmo que remetem o texto ao tempo da 18ª Dinastia, a época mais provável em que Moisés viveu.

Quando a Galileu também desvendou o mistério

Em “Arqueologia da Bíblia”, reportagem da revista Galileu em abril de 2004, o assunto das dez pragas também foi analisado. A explicação do milagre também é bastante hipotética. Leia abaixo o texto como foi publicado.

Pode ter ocorrido na época uma sucessão de catástrofes ecológicas encadeadas, que teriam começado com a poluição do Nilo por partículas de terra vermelha associadas a algas nocivas. A poluição teria forçado rãs e sapos a saírem para terra firme e morrerem de fome, deixando moscas e mosquitos livres para se reproduzirem. A mortandade dos animais e as úlceras estariam ligadas a doenças transmitidas pelas moscas e mosquitos. A escuridão seria uma chuva de granizo particularmente forte, na qual a areia úmida se tornou depósito de ovos de gafanhotos. A morte dos primogênitos estaria ligada a toxinas produzidas nos cereais estocados em virtude da chuva. Como os primogênitos eram os filhos mais importantes, provavelmente teriam sido os primeiros a se alimentar, ingerindo os grãos contaminados.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Descoberta faz mídia admitir: “A Bíblia pode ser tomada como fonte de documentação histórica”

[Daniel Lüdtke]

O Estadão Online e a portal Terra noticiaram hoje a descoberta de um selo de 2,5 mil anos, encontrado em Jerusalém, onde se lê em hebraico antigo o nome da família Tema, que estava entre os primeiros exilados a retornar a Judéia depois do cativeiro babilônico – segundo o livro de Neemias.

Curiosamente, as matérias não transpareceram sarcasmo em relação à Bíblia, como é comum, e ainda apontaram que o achado “poderia confirmar a teoria que indica que a Bíblia pode ser tomada como fonte de documentação histórica”.

A afirmação de Eilat Mazar, arqueóloga que dirige a escavação, é bastante precisa: "É um nexo entre as provas arqueológicas e o relato bíblico, ao evidenciar a existência de uma família mencionada na Bíblia".

De maneira geral, os dois veículos de comunicação trataram a notícia com imparcialidade. Só a seção de notícia de Terra, todavia, chamou Davi – importante rei israelita – de “mítico”. Acontece que sua existência já foi indicada pela descoberta da Estela de Tel Dã (ver abaixo), e não trata-se mais de uma lenda, como supunham os críticos da Bíblia.

É interessante que as matéria fizeram certo alarde com a descoberta desse selo e o apresentaram quase como uma prova da veracidade da Bíblia, enquanato tantos outros achados arqueológicos já foram divulgados, mas sem muita badalação. Seguem abaixo algumas dessas descobertas.



Estela de MerneptahColuna comemorativa, datada de cerca de 1207 a.C., que descreve as conquistas militares do faraó Merneptah. Israel é mencionado como um dos inimigos do Egito no período bíblico dos juízes, provando que Israel já existia como nação neste tempo, o que até então era negado pela maioria dos estudiosos. É a menção mais antiga do nome "Israel" fora da Bíblia.


Tijolo babilônico que traz nome de NabucodonosorO achado arqueológico traz a seguinte inscrição em cuneiforme: "(eu sou) Nabucodonosor, Rei de Babilônia. Provedor (do templo) de Ezagil e Ezida; filho primogênito de Nabopolassar”. Vale notar que por muito tempo se afirmou que a cidade da Babilônia era um mito – e muito mais lendário ainda seria o rei Nabucodonosor.


Tabletes de Ebla – Cerca de 14 mil tábuas de argila foram encontradas no norte da Síria, em 1974. Datadas de 2.300 a 2.000 a.C., elas remontam à época dos patriarcas. Os tabletes descrevem a cultura, nomes de cidades e pessoas (como Adão, Eva, Miguel, Israel, Noé) e o modo de vida similar ao dos patriarcas descrito principalmente entre os capítulos 12 e 50 do livro de Gênesis, indicando sua historicidade.


Papiro de Ipwer – Oração sacerdotal escrito por um egípcio chamado Ipwer, onde questiona o deus Horus sobre as desgraças que ocorrem no Egito. As pragas mencionadas são: O rio Nilo se torna sangue; escuridão cobrindo a terra; animais morrendo no pasto; entre outras, que parecem fazer referência às pragas relatadas no livro de Êxodo.


Estela de Tel Dã – Placa comemorativa sobre conquista militar da Síria sobre a região de Dã. A inscrição traz de modo bem legível a expressão "casa de Davi", que pode ser uma referência ao templo ou à família real. O mais importante, todavia, é que menciona, pela primeira vez fora da Bíblia, o nome de Davi, indicando que este foi um personagem real.


Textos de Balaão – Fragmentos de escrita aramaica encontrados em Tell Deir Allá, que relatam um episódio da vida de "Balaão filho de Beor" e descrevem uma de suas visões – indícios de que Balaão existiu e viveu em Canaã, como afirma a Bíblia no livro de Números 22 a 24.


Obelisco negro e prisma de Taylor – Estes artefatos mostram duas derrotas militares de Israel. O primeiro traz o desenho do rei Jeú prostrado diante de Salmaneser III oferecendo tributo a ele. O segundo descreve o cerco de Senaqueribe a Jerusalém, citando textualmente o confinamento do rei Ezequias.


Inscrição de Siloé – Encontrada acidentalmente por algumas crianças que nadavam no tanque de Siloé. Essa antiga inscrição hebraica marca a comemoração do término do túnel construído pelo rei Ezequias, conforme o relato de 2 Crônicas 32:2-4.


Selo de Baruque descoberto em 1975, provando a existência do secretário e confidente do profeta Jeremias.


Palácio de Sargão II – Descoberto em 1843, o palácio de Sargão II, rei da Assíria, pôs fim a negação de sua existência, conforme mencionado em Isaías 20:1.