O papa Bento 16 alertou na segunda-feira contra os poderes "sedutores" da ciência, que relegam a espiritualidade do homem a um nível inferior, reanimando o debate ciência versus religião. Recentemente essa disputa impediu o pontífice de fazer um discurso numa universidade devido a protestos de estudantes.
"Numa era em que os desenvolvimentos científicos atraem e seduzem com as possibilidades que oferecem, é mais importante que nunca educar as consciências de nossos contemporâneos para que a ciência não se torne critério para o bem", disse o papa a cientistas.
As investigações científicas devem ser acompanhadas de "pesquisa antropológica, filosófica e teológica" para esclarecer "o próprio mistério do homem, porque nenhuma ciência é capaz de dizer quem é o homem, de onde ele vem ou para onde vai", afirmou.
"O homem não é fruto do acaso ou de um grupo de coincidências, determinismo ou reações físicas e químicas", disse o papa numa reunião com acadêmicos de várias disciplinas, promovido pela Academia de Ciências de Paris e pela Academia Pontifícia de Ciências.
O papa reiterou o apelo, feito em vários discurso desde que ele assumiu o posto, em 2005, para que a humanidade seja "respeitada como o centro da criação", e não relegada a segundo plano por interesses de curto prazo.
A postura conservadora do papa em questões como o aborto e as pesquisas com células-tronco embrionárias provocam protestos, como o dos estudantes da universidade La Sapienza, de Roma --instituição fundada por um papa há mais de 700 anos.
Bento 16, que iria discursar na universidade, teve de cancelar sua visita em face dos protestos.
Os universitários reclamavam especificamente de um discurso proferido pelo papa em 1990 no qual ele teria defendido a posição da Igreja no julgamento de Galileu Galilei por heresia, no século 17.
O Vaticano disse que os manifestantes interpretaram mal o discurso, proferido pelo papa quando ele ainda era o cardeal Joseph Ratzinger.
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