segunda-feira, 3 de março de 2008

"Super" desmente sensacionalismos do túmulo de Jesus e casamento com Maria Madalena

[Daniel Lüdtke]

A edição de março da Superinteressante publicou entrevista com Jonh Dominic Crossan1, “o papa do Jesus Histórico – como ressaltou a revista. Quando interrogado sobre a suposta descoberta de túmulos da família Jesus e do alardeado caso de Jesus com Maria Madalena, fomentado pelo Código da Vince, Crossan negou a veracidade desses “fatos”.

“Maria Madalena foi de fato uma apóstola importante, mas não há evidências de que Jesus fosse casado com ela”, garante o estudioso. Para Crossan, todavia, Jesus só não se casar porque não tinha condições financeiras para tal. “Isso não significa necessariamente um celibato programático, tem mais cara de sinal de pobreza. Muitos camponeses jovens não conseguiam se casar por causa da falta de bens”.

A questão dos túmulos foi outra muito divulgada pela mídia. A Superinteressante foi uma das propagadoras, lançando no Brasil, inclusive, o documentário O Túmulo secreto de Jesus, produzido pelo canal Discovery. Dos dez ossuários encontrados perto de Jerusalém, seis tinham nomes parecidos com as da família de Jesus: “Maria”, “José”, e a polêmica “Jesus, filho de José”. A similaridade foi agravada com um corpo encontrado ao lado desse “Jesus”, com o nome de “Mariamme”. “Como na época os casais eram enterrados juntos, seria ela Maria Madalena, mulher de Jesus?”, questionou a Super.

Crossan argumenta: “Se tivessem encontrado neles o nome de Maria Madalena, seria uma evidência importante. Mas o nome mais comum no século 1, na Palestina cristã, era Maria”. Maria e José já eram nome comuns naquele tempo. Jesus também. Seria o equivalente ao “João” do Brasil. Portanto, encontrar um túmulo com a inscrição “João, filho de José”, não seria uma informação nada precisa. “Quanto aos túmulos, não acredito que sejam da família de Jesus. Os nomes que aparecem nas tumbas eram comuns naquela época”, finaliza a questão.


(1) Crossan é membro do Seminário de Jesus, grupo de estudiosos da ala liberal (contendo desde ateus até um cineasta) que tentam provar que Jesus era unicamente um homem; nada além disso.

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