terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

O que aconteceria se o islamismo não existisse?

[Blog do Marcos Guterman, editor do Estadão]

A provocativa pergunta do título acima foi feita por Graham Fuller, ex-vice-presidente do Conselho Nacional de Inteligência da CIA, em artigo na revista Foreign Policy. A resposta de Fuller à questão é: nada. Ou seja, boa parte dos conflitos étnicos, colonialistas, nacionais e ideológicos atuais permaneceria mais ou menos como é, por uma simples razão: o islamismo não está na raiz dessas crises.

Fuller vai mais longe e afirma que as religiões em geral servem para esconder as verdadeiras razões dos conflitos. Ele diz que os europeus teriam feito as Cruzadas de qualquer maneira, com outro nome, porque os interesses eram mais políticos e econômicos. A aventura colonial ultramarina usou como desculpa a conversão religiosa dos nativos para que as potências européias expandissem seus domínios.

O especialista diz que a mesma lógica se aplica à ocupação do Iraque, que seria rejeitada mesmo se os iraquianos fossem cristãos. “Em lugar nenhum do mundo as pessoas aceitam ocupação estrangeira e a morte de cidadãos do país por tropas estrangeiras. De fato, grupos ameaçados por forças externas invariavelmente se escoram em ideologias apropriadas para justificar e glorificar sua luta de resistência. A religião é uma dessas ideologias”, escreve Fuller.

Ele afirma também que a religião islâmica só muito recentemente entrou no discurso da questão palestina, e o especialista lembra que foram os árabes cristãos que iniciaram o movimento nacionalista árabe.

Por fim, Fuller diz que o discurso do Ocidente que vincula o islamismo ao terror esquece que boa parte dos movimentos terroristas do último século nada tinha a ver com muçulmanos. Nem mesmo recentemente o terrorismo praticado por grupos islâmicos tem sido significativo, pelo menos na Europa: segundo a Europol, dos 498 atentados no continente em 2006, 424 foram cometidos por grupos separatistas, 55 por extremistas de esquerda e 18 por outros grupos diversos. Apenas um foi perpetrado por muçulmanos.

Para Fuller, com tantas questões profundas envolvidas no conflito entre Ocidente e Oriente, como imperialismo, nacionalismo, poder e recursos naturais, a religião não pode ser invocada como fator central, como querem fazer os neoconservadores americanos.

Papa adverte contra o poder de 'sedução' da ciência

(Stephen Brown, da agência Reuters)

O papa Bento 16 alertou na segunda-feira contra os poderes "sedutores" da ciência, que relegam a espiritualidade do homem a um nível inferior, reanimando o debate ciência versus religião. Recentemente essa disputa impediu o pontífice de fazer um discurso numa universidade devido a protestos de estudantes.

"Numa era em que os desenvolvimentos científicos atraem e seduzem com as possibilidades que oferecem, é mais importante que nunca educar as consciências de nossos contemporâneos para que a ciência não se torne critério para o bem", disse o papa a cientistas.

As investigações científicas devem ser acompanhadas de "pesquisa antropológica, filosófica e teológica" para esclarecer "o próprio mistério do homem, porque nenhuma ciência é capaz de dizer quem é o homem, de onde ele vem ou para onde vai", afirmou.

"O homem não é fruto do acaso ou de um grupo de coincidências, determinismo ou reações físicas e químicas", disse o papa numa reunião com acadêmicos de várias disciplinas, promovido pela Academia de Ciências de Paris e pela Academia Pontifícia de Ciências.

O papa reiterou o apelo, feito em vários discurso desde que ele assumiu o posto, em 2005, para que a humanidade seja "respeitada como o centro da criação", e não relegada a segundo plano por interesses de curto prazo.

A postura conservadora do papa em questões como o aborto e as pesquisas com células-tronco embrionárias provocam protestos, como o dos estudantes da universidade La Sapienza, de Roma --instituição fundada por um papa há mais de 700 anos.

Bento 16, que iria discursar na universidade, teve de cancelar sua visita em face dos protestos.

Os universitários reclamavam especificamente de um discurso proferido pelo papa em 1990 no qual ele teria defendido a posição da Igreja no julgamento de Galileu Galilei por heresia, no século 17.

O Vaticano disse que os manifestantes interpretaram mal o discurso, proferido pelo papa quando ele ainda era o cardeal Joseph Ratzinger.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

IstoÉ confirma versão bíblica da morte de Cristo

[Daniel Lüdtke]

A revista IstoÉ dessa semana comprova a veracidade do relato bíblico da morte de Jesus. A matéria de capa se baseia nas pesquisas do médico legista americano Frederick Zugibe, “um dos mais conceituados peritos criminais em todo o mundo e professor da Universidade de Columbia” – como destacou o periódico. Zugibe é autor do livro A crucificação de Jes
us – as conclusões surpreendentes sobre a morte de Cristo na visão de um investigador criminal, lançado recentemente no Brasil.

Na introdução da matéria, a autora, Natália Rangel, garante que os estudos sobre a morte de Cristo sempre pendem entre dois extremos: ateísmo ou conclusões preconcebidas e redundantes. Daí, a importância do trabalho de Zugibe. “Ele dissecou a morte de Jesus com a objetividade científica da medicina, o que lhe assegurou a imparcialidade do estudo”, informou Natália.

Suando gotas de sangue

Zugipe analisou cada passo do sofrimento de Cristo. Segundo o relato bíblico, no Jardim das Oliveira Jesus sua gotas de sangue. “A descrição (feita pelo apóstolo Lucas, que era médico) condiz, segundo o legista, com o fenômeno da hematidrose, raro na literatura médica, mas que pode ocorrer em indivíduos que estão sob forte stress mental, medo e sensação de pânico. As veias das glândulas sudoríparas se comprimem e depois se rompem, e o sangue mistura-se então ao suor que é expelido pelo corpo”, confirma a matéria.

Açoites

Para compreender os efeitos dos açoites sobre Jesus, Zugibe estudou as espécies de chicote usadas na época. “Em geral, eles tinham três tiras e cada uma possuía na ponta pedaços de ossos de carneiro ou outros objetos pontiagudos”, assevera o legista. Assim, sabendo-se que Cristo recebeu 39 chibatadas, elas equivaleriam a 117 golpes, devido às três pontas do instrumento de tortura. “As conseqüências médicas de uma surra tão violenta são hemorragias, acúmulo de sangue e líquidos nos pulmões e possível laceração no baço e no fígado. A vítima também sofre tremores e desmaios”, propôs Zugibe. “A vítima era reduzida a uma massa de carne, exaurida e destroçada, ansiando por água”, completou o médico.

Coroa de espinhos

O legista americano percorreu museus de Londres, Roma e Jerusalém, para saber qual a planta da qual teria sido confeccionada a coroa de espinhos usada por Cristo. Ele chegou a plantar em sua casa o espinheiro-de-cristo sírio, arbusto comum no Oriente Médio e que tem espinhos capazes de perfurar a pele do couro cabeludo. “Os espinhos atingiram ramos de nervos que provocam dores lancinantes quando são irritados. A medicina explica: é o caso do nervo trigêmeo, na parte frontal do crânio, e do grande ramo occipital, na parte de trás. As dores do trigêmeo são descritas como as mais difíceis de suportar – e há casos nos quais nem a morfina consegue amenizá-las”, atestou Zugibe.

Sofrimento emocional

Zugibe ainda analisou o sofrimento físico causado pelos pregos de 12,5 centímetros de cumprimento. Testou empiricamente os fortes impactos físicos de Cristo na cruz, simulando a crucifixão com voluntário assistidos por equipamento médicos. O legista, todavia, saliente um sofrimento pouco lembrado: o tormento mental. “Ele foi vítima de extrema angústia mental e isso drenou e debilitou a sua força física até a exaustão total”, declara Zugibe.

Conclusão da pesquisa

Diante das análises, o legista descarta as possibilidades de Jesus ter morrido antes de ser suspenso na cruz, infato ou asfixia. “Jesus morreu de parada cardiorrespiratória decorrente de hemorragia e perda de fluidos corpóreos (choque hipovolêmico), isso combinado com choque traumático decorrente dos castigos físicos a ele infligidos”, conclui Zugibe.

Ciência + Fé

Quando questionado sobre sua fé, Zugibe, como cristão, garantiu que suas pesquisas e estudos aumentaram sua confiança em Deus e na Bíblia. “Depois de realizar os meus experimentos, eu fui às escrituras. É espantosa a precisão das informações”, alega ele. As afirmações do legista apontam para a compatibilidade entre a fé e a religião, a Bíblia e a ciência. “Em nenhum momento meu livro contradiz as escrituras. Os meus estudos só reforçaram a minha fé em Deus”, finaliza Zugibe.

Leia a matéria em: http://www.terra.com.br/istoe/

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Oxford busca razões para o impulso humano de acreditar em Deus

[Daniel Lüdtke]

O Estadão noticiou hoje que pesquisadores da Universidade de Oxford realizarão estudo sobre a crença comum em Deus. A pesquisa terá duração de três anos, custará R$ 7,5 milhões, e terá a participação conjunta de antropólogos, teólogos, filósofos e outros acadêmicos.

Essa verdade sempre foi intrigante: todos os seres humanos de todas as épocas sempre foram propensos a acreditar num ser divino, superior e sobrenatural, algo que é “parte básica da estrutura do ser humano”, como destacou a matéria.

Roger Trigg, diretor do Centro de Ciência e Religião Ian Ramsey, que comandará as pesquisas, afirma que “a fé em Deus é um impulso humano universal encontrado na maioria das culturas do mundo, apesar de estar desvanecendo na Grã-Bretanha e Europa Ocidental em geral”. Emenda: “Uma implicação disso é que a religião é a posição padrão e o ateísmo é que talvez precise mais de explicação".

Este estudo é patrocinado pela organização filanrópica americana John Templeton Foudation, que premia trabalhos que aproximam ciência e espiritualidade. Mais uma prova de que cristianismo e ciência são compatíveis.

Leia a matéria em: http://www.estadao.com.br/vidae/not_vid127149,0.htm

domingo, 3 de fevereiro de 2008

Solitários tendem a crer mais em Deus

[Daniel Lüdtke]

Segundo publicação do Estadão Online (29/01/08), “pessoas solitárias têm uma tendência maior (...) a acreditar em entidades sobrenaturais, como anjos, demônios ou Deus”. A conclusão é resultado de experimentos realizados por psicólogos das Universidades de Chicago e Harvard, disponível em forma de artigo na edição de fevereiro do periódico Psychological Science. O texto, todavia, aponta a crença em Deus como mera carência fisiológica de indivíduos desconectados da sociedade.

Estadão destaca trecho do artigo e explica:

“Pessoas solitárias podem criar um objeto dotado de mente, um mascote ou um deus para povoar seus mundos” e que, dada a alternativa - o sofrimento causado pela solidão - essa pode ser uma estratégia terapêutica. “A correlação positiva entre a posse de um mascote e o bem-estar é bem documentada”.

O texto, entretanto, admite que a solidão funciona mais como uma alavanca para a crença no sobrenatural. "Desconexão social pode não transformar um ateu num fundamentalista, mas pode dar um impulso à crença religiosa entre crentes e descrentes", ressalta.

A Bíblia concorda que os solitários, os que sofrem e os pobres são os que crêem mais em Deus (Mateus 5:3-11). Apresenta também, em contrapartida, que as pessoas socialmente destacadas, ricas, sem preocupações, acabam por não precisar de Deus e crer menos nele (Mateus 13:22).

Todavia, a crença na divindade não é uma anomalia fisiológica dos solitários. Esta é uma necessidade natural de todas as criaturas – que são solitárias sem Deus.