
. A reportagem especial sobre o Big Bang trazia na capa a certeza: “O Nascimento do Universo: A ciência está perto de descobrir a origem de tudo”. Obviamente o “está perto” indica um estudo ainda em processo – diferentemente do que transmitiu a manchete da edição de 29 de abril de 1992: “A ciência desvenda o mistério da explosão que criou o universo”.
Acontece que o “estudo ainda em processo”, apesar de inconcluso, é apresentado, na maioria das vezes, como verdade indiscutível. Nesta edição de Veja, entretanto, interrogações, lacunas e possibilidades de erros são apresentadas claramente nas páginas da reportagem especial.
A fragilidade da teoria do Big Bang é exposta na expectativa do resultado do teste do maior acelerador de partículas do mundo, que irá reproduzir os fenômenos pós-Big Bang. Se não funcionar, a teoria pode se aposentar.
Resposta da página 94: “(...) os físicos poderão dormir tranqüilos. Ficarão de pé suas teorias sobre o Big Bang e como o universo nasceu e se formou do modo como conhecemos”.
E se o experimento não provar a possibilidade do Big Bang?
Resposta da página 91: “Os físicos terão de rever sua explicação para o universo como o conhecemos. (...) Teremos de encontrar outras explicações para o início de tudo”.
“Os físicos teórico voltarão para seus cálculos em busca de outra teoria”, complementa a página 94.
Apesar da possibilidade de aposentadoria por invalidez, a teoria do Big Bang continua sendo pintada na mídia com a robustez da meia-idade.